Novos rumos da educação a
distância
Com um
número de matrículas cada vez maior, essa modalidade de ensino requer o aumento
da interatividade entre professores e alunos, além de oficinas de capacitação
para facilitar o acesso às tecnologias disponíveis.
Por:
Mariana Rocha
Publicado
em 27/03/2012 | Atualizado em 27/03/2012
Um dos
pontos principais das pesquisas na área de educação a distância é o
desenvolvimento de novas ferramentas para aumentar a interatividade entre
professor e aluno separados fisicamente. (foto: Tiffany Szerpicki/ Sxc.hu)
Muito
antes da disseminação da informática, a educação a distância já era uma
realidade, seja nos antigos cursos por correspondência ou em aulas exibidas
pela televisão. Responsável por levar o conhecimento até pessoas que moram
longe das universidades, esse método de ensino passou por grandes
transformações e sua contínua modernização tenta suprir as necessidades do
crescente número de alunos, entre elas, a maior interatividade.
Segundo
Klaus Schlünzen, coordenador do Núcleo de Educação a Distância da Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), em São Paulo (SP), a
tecnologia é a principal ferramenta que permite maior interação entre
professores e alunos separados fisicamente. “É preciso formar uma rede de
aprendizagem onde alunos e professores criem uma relação não hierárquica e de
forte diálogo”, explica.
Schlünzen:
“É preciso formar uma rede de aprendizagem onde alunos e professores criem uma
relação não hierárquica e de forte diálogo”
Dentre as
ferramentas disponíveis, a mais utilizada é o ambiente virtual de aprendizado,
uma plataforma on-line onde professores e alunos debatem sobre os
assuntos contidos no material didático por meio de fóruns ou conversas
individuais. Além disso, é possível registrar em formato digital o que foi
discutido para enriquecer a avaliação da aprendizagem, já que o educador pode
analisar o processo como um todo e não apenas o aprendizado final do aluno.
O
desenvolvimento de salas de aula virtuais avança a passos largos e a
interatividade é o ponto chave das pesquisas na área. A criação de programas de
computador voltados para a educação a distância facilita o surgimento de novos
cursos, mas é preciso preparar os alunos para o uso das tecnologias.
De acordo
com Claudete Paganucci, pedagoga que coordena o curso de graduação a distância em pedagogia do
Centro Universitário Claretiano, em Batatais (SP), a integração da
equipe responsável por administrar os cursos é crucial para o sucesso da
educação a distância. “Tanto professores quanto alunos precisam de oficinas de
capacitação para que o acesso às novas tecnologias seja um facilitador do
ensino e não gere frustração na hora de aprender ou ensinar”, esclarece.
É preciso capacitar professores e
alunos para que o acesso às novas tecnologias seja um facilitador da educação a
distância. (foto: Zsuzsanna Kilian/ Sxc.hu)
Além de
participar das oficinas, é preciso ter dedicação. Paganucci acrescenta que a
maioria dos alunos é composta por adultos, que, diferentemente das crianças,
têm maior capacidade de concentração ao estudar em casa. Apesar das exigências,
o método de ensino permite que o aluno organize seu próprio horário de estudos
e concilie a graduação com um emprego.
Preconceitos
Mas a
educação a distância ainda deixa muita gente com o pé atrás, como mostra pesquisa feita por Paganucci em seu doutorado na Unesp.
Por não saber como funciona a metodologia, algumas empresas ainda não acreditam
que o aluno que aprende fora do ambiente físico da universidade tem a mesma
capacidade que profissionais formados pelo ensino presencial. “É preciso
esclarecer que, muitas vezes, o aluno da educação a distância é mais dedicado
que o da educação convencional”, enfatiza a pedagoga. “Aprender de casa exige
disciplina e persistência.”
Paganucci:
“Muitas vezes, o aluno da educação a distância é mais dedicado que o da
educação convencional”
Outro
fator que gera preconceito – agora nos próprios alunos – é a distância física
do professor. Se o educador não conhece o aluno pessoalmente, como pode atender
as necessidades individuais de aprendizado de cada um?
Paganucci
explica que a interação, seja por telefone ou nos ambientes virtuais, pode
funcionar melhor do que na sala de aula, já que o aluno tem a possibilidade de
discutir individualmente – e repetidamente – com o professor sobre o conteúdo
trabalhado. Além disso, o material didático pode ser complementado com textos
sobre a cultura de cada região atendida pelo programa de educação a distância
da universidade.
Apesar
dos preconceitos, a adesão à educação a distância vem crescendo a cada dia.
Desde 2010, mais de um milhão de pessoas já se matricularam em cursos de
graduação nessa modalidade, que tem contribuído muito para democratizar o
conhecimento no nosso país.
Mariana Rocha
Ciência Hoje On-line
Mariana Rocha
Ciência Hoje On-line
Nenhum comentário:
Postar um comentário